O Porto prepara-se para receber a segunda ação da edição de 2025 do Global Kitchen in Porto, iniciativa promovida pela Câmara Municipal do Porto, que convida chefs nacionais e internacionais a reinterpretar os pratos mais emblemáticos da cidade.
Depois da estreia dedicada às Tripas à Moda do Porto, chega agora a vez da icónica Francesinha ocupar o centro do palco gastronómico da cidade. Entre os dias 5, 6 e 7 de junho, a sanduíche mais ousada e cobiçada da culinária portuense será celebrada e recriada por dois chefs de renome internacional: Rui Paula, anfitrião local, e Miguel Carretero, convidado espanhol.
A Francesinha, criada nos anos 1950 no restaurante A Regaleira, por Daniel David Silva, é muito mais do que uma sanduíche. Combinando pão, carnes, enchidos, queijo derretido e um molho espesso de tomate, cerveja e vinho do Porto, este prato é uma manifestação excessiva e carismática da identidade gastronómica da cidade, gerando paixões e rivalidades quase futebolísticas entre os seus apreciadores. Este segundo momento do Global Kitchen in Porto convida a descobrir novas camadas de interpretação para este clássico, propondo uma fusão entre tradição e inovação, com a assinatura de dois chefs que entendem a cozinha como expressão cultural e emocional.
Rui Paula, com duas estrelas Michelin na Casa de Chá da Boa Nova e uma carreira consolidada no panorama nacional, é um dos nomes mais reconhecidos da gastronomia portuguesa contemporânea. Natural do Porto, iniciou o seu percurso no restaurante Cêpa Torta, em Alijó, e conquistou projeção com o DOC, no Douro, o DOP, no Palácio das Artes, no Porto, e finalmente com a instalação da sua cozinha na emblemática Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, classificada como monumento nacional. A sua gastronomia cruza emoção, sofisticação e um profundo respeito pelas tradições e paisagens do Norte de Portugal. Figura mediática e jurado do MasterChef Portugal, Rui Paula é hoje um dos chefs mais consistentes e influentes do país, com uma visão de cozinha enraizada no território e atenta à inovação.
Miguel Carretero Sánchez, por sua vez, é um dos grandes nomes da nova cozinha espanhola. Natural de Pedro Muñoz (Ciudad Real), formou-se na Escola de Hotelaria de Toledo e passou por cozinhas de referência como o Palacio de Cibeles e El Carmen de Montesión, antes de abrir o seu próprio restaurante, o Santerra, em Madrid, em 2018. Desde então, tem somado distinções como uma estrela Michelin, um Sol na Guia Repsol e diversos prémios no Madrid Fusión, entre os quais a distinção da melhor croqueta do mundo, em 2018 e 2022. Além do Santerra, lidera ainda a Neotaberna Santerra, propondo uma leitura contemporânea da taberna castelhana com pratos criativos e descontraídos. A sua cozinha valoriza a carne de caça e aposta na reinvenção da tradição com precisão técnica e modernidade.
O programa desta visita tem início na quinta-feira, 5 de junho, com a chegada dos convidados e um jantar de boas-vindas. Na sexta-feira, dia 6, pelas 10h30, realiza-se um dos momentos centrais da programação: um Showcooking na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, onde os dois chefs apresentarão a sua interpretação da Francesinha e dialogarão com o público sobre as raízes e os desafios de reinventar um prato tão icónico. Este momento é aberto ao público e de acesso gratuito, mediante inscrição prévia no site oficial do evento.
No sábado, dia 7 de junho, às 11h30, acontece outro momento de acesso livre, a Talk: A Gastronomia é uma arte?na Galeria Fernando Santos, onde Rui Paula e Miguel Carretero estarão à conversa com o galerista Fernando Santos sobre temas como identidade, criatividade e gastronomia contemporânea. Tal como o showcooking do dia anterior, esta talk será também gratuita e acessível ao público mediante inscrição em visitporto.travel/pt-PT/global-kitchen. O programa do fim de semana inclui ainda almoços institucionais, visitas a locais emblemáticos da cidade e jantares de celebração, com a presença da Vereadora do Pelouro do Turismo e Internacionalização da Câmara Municipal do Porto, Catarina Santos Cunha.
Para a vereadora, “a Francesinha é talvez o prato que melhor simboliza a ousadia e o espírito irreverente da cidade. É um exemplo perfeito de como a nossa identidade gastronómica é construída a partir do encontro entre tradição e criatividade. Com o Global Kitchen queremos exatamente isso: dar palco a essa identidade, contando a nossa história com a ajuda de quem a vive e transforma todos os dias — os chefs, os restaurantes, os produtores e, claro, os portuenses”.
Este é o segundo de três momentos da edição 2025 do Global Kitchen in Porto, que arrancou a 16 de maio com as Tripas à Moda do Porto, reinterpretadas por Marco Gomes e Diego Rossi, e culminará a 21 e 22 de junho com o Arroz de Polvo. Neste terceiro momento, o chef Pedro Lemos será acompanhado por Janaína Torres, chef brasileira eleita a melhor do mundo em 2024, para uma ação que promete refletir sobre a gastronomia enquanto instrumento de inclusão, identidade e transformação social.
“O Global Kitchen é um exemplo concreto do compromisso que temos assumido para posicionar o Porto como um destino gastronómico de referência, dentro e fora de portas. Esta iniciativa inscreve-se numa estratégia mais ampla da Câmara Municipal, que envolve investimento continuado na valorização da nossa identidade culinária e na promoção de experiências que reforcem a atratividade da cidade no panorama nacional e internacional.”
O Global Kitchen in Porto afirma-se, assim, como um espaço de experimentação e encontro, onde a cidade convida o mundo a sentar-se à mesa, partilhando sabores, histórias e visões que reforçam o Porto como um destino gastronómico de excelência.