António Maçanita apresentou no dia 25 de novembro, na Quinta Zino, no Funchal, Madeira, três novos vinhos de castas antigas e perdidas da ilha do Porto Santo. A recuperação de castas perdidas, abandonadas ou indesejadas, ou técnicas desaparecidas tem sido uma das marcas deixadas pelo enólogo António Maçanita.
Numa combinação de ciência, história e busca de tradições, António aprofunda os temas como poucos. No currículo fica o primeiro vinho que se engarrafou da casta da Negra Mole, no Algarve, o primeiro Branco de Talha no Alentejo e podermos hoje provar castas únicas como Tinta Carvalha, Alicante Branco ou Trincadeira das Pratas também no Alentejo, são alguns exemplos da dedicação em descobrir um Portugal esquecido. Mas, mesmo assim, talvez o seu trabalho mais assinalável tenha sido com os vinhos dos Açores, primeiro na recuperação da casta Terrantez do Pico e depois na casta Arinto dos Açores e agora a atenção dada às vinhas velhas, no que pode hoje ser considerada uma verdadeira revolução nos vinhos dos Açores.
Agora, da ilha do Pico, a ilha mais nova dos arquipélagos portugueses, com apenas 300 000 anos de existência e em que muitos solos têm menos de 500 anos, António Maçanita vira-se para a ilha do Porto Santo, a mais antiga, que terá emergido há 14 milhões de anos. Se no Pico os solos são vulcânicos e ácidos, no Porto Santo trata-se do oposto, calcários e básicos. As vinhas no Porto Santo impressionam, rasteiras sobre a areia, formando uma paisagem única. Se no Pico as vinhas são protegidas pelos currais, muros de pedra negra vulcânica, no Porto Santo estão resguardadas por muros de crochet, com pedra calcária branca. O desafio lançado a António Maçanita veio de Nuno Faria, sócio do restaurante 100 Maneiras, madeirense e com história no Porto Santo, onde passa férias desde pequeno. Quando confinado durante o início da pandemia na ilha, partilhou com António Maçanita o encantamento por estas vinhas rasteiras de muros brancos. Para produzir estes vinhos foi necessário convencer os produtores locais a avançar nesta aventura e foi o Sr. Cardina o primeiro a alinhar e permitir que se utilizassem as uvas das suas vinhas com mais de 80 anos para a produção do primeiro vinho.
As castas tradicionais da ilha do Porto Santo também são únicas e diferentes de quaisquer outras em Portugal e são o Listrão, partilhado com as ilhas Canárias, onde é conhecida como “Listan Blanco” e a casta Caracol ainda de origem incerta. Neste evento especial serão apresentados os três mais recentes rótulos de António Maçanita, fruto desta aventura e viagem à ilha do Porto Santo e para a qual foi criada uma nova empresa, a Companhia de Vinhos dos Profetas e dos Villões. O nome é uma alusão clara às alcunhas entre ilhas, Profetas é como os madeirenses chamam aos porto santenses e Villões (lê-se Vilhões) o que os habitantes de Porto Santo chamam aos madeirenses.
Vinhos lançados:
Listrão dos Profetas 2020, 1300 garrafas, com PVP 49,50 €
Listrão dos Profetas – Vinho da Corda 2020, 450 garrafas, PVP 51,30 €
Caracol dos Profetas 2021, 4000 garrafas, PVP 19,50 €